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domingo, 11 de dezembro de 2011

Trajetória de uma Luta 03 - A História do meu Pênfigo Vulgar



 Amigos leitores no texto passado eu falei sobre o sentido da amizade e da solidariedade dos amigos na hora do sufoco. Falei do meu carinho por Sobral e do meu amor pelo Alto da Expectativa. Falei também da demora em fazer e receber exames, e na minha longa viagem a Fortaleza em busca do meu destino.

Nesta edição darei continuidade a uma Trajetória de Luta, onde tive que lutar muito para não me entregar ao desânimo e nem a morte.

Eu morei em Fortaleza de 1990 à 2000, nesse período eu fiz dezenas de viagens de Sobral a Fortaleza, e todas elas muito agradáveis, eram viagens a passeio, mas aquela que naquele momento eu fazia era diferente, porque eu viajava com o corpo todo dilacerado e sentia tantas dores que nem a paisagem eu podia apreciar. Chegamos em Fortaleza, eu, minha mãe e minha amiga Carmem ao meio dia, a consulta estava marcada para às 14:00hs, resolvemos então procurar um lugar tranqüilo para almoçar, o lugar nós  encontramos, agora almoçar não foi possível, pois eu estava com a cabeça toda cheia de bolhas purulentas, e delas inalava um mal cheiro horrível que atraia muitas moscas, e com isso eu tinha que cobrir a cabeça com um pano para que elas não pousassem em mim. Isso tudo me causava uma sensação muito ruim, pois o contato do tecido com o couro cabeludo fazia com que eu tivesse uma vontade incontrolável de coçar a minha cabeça, sem contar que no restaurante todos olhavam para mim, e aos poucos iam perdendo a vontade de comer. Isso me deixava cada vez mais triste, pois aos poucos eu ia me transformando em uma coisa bizarra. Depois do almoço pegamos um táxi e fomos para o consultório do Dr. Paulo Cid que ficava na Aldeota, chegamos lá às 14:00hs em ponto, o consultório era muito luxuoso, estava cheio, e notei que todos pararam para me olhar. Eu estava de short, sem camisa e com um pano cobrindo o meu corpo, percebi que as pessoas se assustavam ao me verem, nessa hora eu tive que manter o equilíbrio para não deixar que minha auto-estima viesse ao chão, e com isso eu perdesse o meu controle emocional. Eu sabia que minha aparência não era das melhores e que aquelas pessoas que estavam ali, também tinham problemas e procuravam algo que lhe confortassem. A minha presença ali naquele momento serviu de remédio para muitas delas, que ao me verem começaram a sorrir, achando que o problema delas não era nada. Eu não ignorei, pois sabia que aquilo fazia parte de uma luta, e que eu teria que ter muita força para superar. A sala de espera era longa, e enquanto Carmem falava com a recepcionista, eu observava que os problemas das pessoas ali eram mais de estética, até porque a consulta era R$ 170,00 e não era qualquer um que podia pagar, por isso estavam ali só para curar algum abscesso adquirido pelos raios solares. Depois de 15 minutos de espera fomos recebidos pelo Dr. Paulo Cid que ficou surpreso ao me ver naquele estado, e conversando comigo tentava me explicar o que eu tinha. Primeiro ele disse com a biopsia em mãos que eu tinha Lupos e conseqüentemente Pênfigo, também falou que eu não ia morrer e que ia achar uma solução para o problema, fez algumas observações na minha cabeça e enquanto ele olhava, algumas lesões surgiam no meu tórax a olho nu, e logo depois ficavam em carne viva. Eu sentia dores terríveis e fazia de tudo para suportá-las sem perder o equilíbrio e a fé. Pensava apenas no tormento que havia se transformado a minha vida e nos meus filhos que estavam em Cascavel com a mãe. Tentava ignorar a dor, buscado força na minha estrutura psicológica e na minha vontade de viver. Ouvia o que o médico falava, mas parecia que eu não estava ali e sim fazendo uma longa viagem sem destino certo.

Dr. Paulo Cid é um bom médico e achou o meu caso muito grave, resolveu então ligar para outro médico amigo seu explicando o meu caso, e assim resolveram marcar uma junta médica para o dia seguinte às 08:00hs no Hospital Dona Líbânia, lá o meu caso seria avaliado por vários médicos e quem sabe assim chegassem a um diagnóstico final sobre minha patologia. Eu que já estava confuso fiquei mais ainda, porque o médico patologista que avaliou a biopsia em Sobral disse que poderia ser Pênfigo, mas que precisava da confirmação de um Dermatologista. Dois médicos em Sobral disseram que não era Pênfigo, e agora o Dr. Paulo Cid disse que era Lupos (uma doença terrível que mata), depois marca uma junta médica para avaliar bem o caso com outros médicos. É claro que isso ia confundindo um pouco a minha cabeça, mais na verdade o que eu queria mesmo era descobrir o que eu realmente tinha, e assim começar um tratamento sem importar qual fosse a doença, pois toda aquela incerteza estava tirando de mim o bem mais precioso que eu tinha, que era a minha paz. Até porque quanto mais tempo passasse, mais eu ficaria fragilizado e desgastado, sem assim encontrar a minha paz e a minha cura.

Amigos, isso tudo aconteceu há dez(10) anos atrás, e ainda hoje trago comigo seqüelas por ter sido o escolhido para se portador de uma doença cruel e devastadora, de difícil diagnóstico e que por pouco não me levou a loucura, confesso que para mim é muito difícil escrever relatando todos esses fatos acontecidos, pois para escrever tenho que lembrar, e quando lembro volto a sofrer todo aquele tormento de novo. Mas quando decidi relatar a minha Trajetória de Luta,
Abraços de Danilo Neves.

OBS.: Este texto foi escrito há 05 anos, quando eu era colunista do Jornal Circular, e escrevia uma parte dessa luta em cada edição do Jornal que era mensal. Então agora estou reproduzindo em um blog exclusivo para mostrar que minha luta não foi em vão, e que vale apena sonhar e ir em busca da felicidade. Abraços e boa leitura.

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